Resumo sobre as organelas e estruturas celulares

abril 30, 2012 às 2:58 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário
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Resumo sobre as organelas e estruturas celulares mais comumente cobradas em provas e tudo o mais:

Envelope nuclear ou carioteca, ribossomos, retículo endoplasmático granular, retículo endoplasmático liso, complexo de Golgi, lisossomos, peroxissomos, mitocôndrias, cloroplastos, citoesqueleto (microtúbulos, filamentos de actina e filamentos intermediários), centríolos, cílios, flagelos, vacúolos e parede celular (essa última, obviamente, não é uma estrutura citoplasmática).

Baixe aqui no link a seguir:

http://www.4shared.com/office/MGpaWNCN/Resumo_organelas_e_estruturas_.html

 

RESUMO SOBRE O PROCESSO DE RESPIRAÇÃO CELULAR

abril 22, 2012 às 6:49 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário
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http://maxaug.blogspot.com.br/2012/05/respiracao-celular-simplificada.html

No link acima há um resumo sobre o processo de respiração celular, elaborado para os meus estudantes do 1º ano do ensino médio. A idéia é realmente simplificar o assunto, de forma que seja possível assimilar a lógica dele, sem abrir mão de alguns conceitos que, embora complexos, são importantes. Aos poucos, todo o mateial de biologia e os novos também, serão postados em blogs do google.

HISTÓRICO RESUMIDO DA BERIBERI E A VITAMINA B1

março 21, 2012 às 2:35 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário

A Beribéri é uma doença neurodegenerativa que, no final do século XIX era relativamente comum no sudeste asiático. Hoje em dia sabemos que é causada por carência de vitamina b1 (tiamina), porém, um dos primeiros pesquisadores a investigar a causa da doença, Christiaan Eijkman, em Java, acreditava que a causa era a ingestão de alimentos contaminados por bactérias, tendo em vista que a enfermidade ocorria mais frequentemente em prisões, hospícios, quartéis e em tripulações de navios: fortes indícios de que era uma doença contagiosa.

 

No curso de suas investigações, Eijkman descobriu que frangos cuja alimentação era arroz branco sofriam de doença similar. Assim, supôs que estivesse ocorrendo contaminação nos moinhos onde se processava o arroz. Então, resolveu testar se uma dieta de arroz vermelho, não processado, poderia curar a doença, pois poderia conter algum tipo de antitoxina ou bactericida. Os testes em frangos funcionaram, porém, vários críticos não aceitaram seus resultados e Eijkman resolveu aplicar testes em humanos.

 

Em primeiro lugar, propôs que se mudasse a dieta de uma prisão, de arroz branco para arroz vermelho e o resultado foi que o percentual de acometidos pela doença diminuiu. Porém, como não se utilizou um grupo controle, os resultados ainda não foram aceitos. Por sorte, havia um estudo em andamento abrangendo várias prisões em Java, no qual se estava testando dietas com variedades distintas de arroz. Ao se analisar a incidência de beribéri levando em conta os dados dessa pesquisa, comprovou-se que o número de acometidos continuava sendo maior com a dieta de arroz branco, menor com a de arroz vermelho e intermediária com as outras variedades.

 

Eijkman ainda cria que a causa da doença era contaminação por parte de bactérias presentes no arroz. Posteriormente, Gerrit Grijns, também em Java, foi o responsável por mostrar que a doença era devida a uma carência nutricional devido ao fato de o arroz branco não fornecer as quantidades necessárias de vitamina b1.

 

Fonte: Allchin, D. Appreciating Classic Experiments. In Carolyn Schofield (ed.), 2004-2005. Professional Development for AP Biology. New York: College Entrance Examination Board.

WILLIAM LANE CRAIG RESPONDE A DAWKINS SOBRE OS CANANEUS

dezembro 15, 2011 às 5:31 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário

WILLIAM LANE CRAIG RESPONDE A DAWKINS SOBRE OS CANANEUS

Em primeiro lugar, assista ao vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=yDDdUK6qQpA

Esse é um artigo curto com o objetivo de mostrar duas coisas:

1. Deus não ordenou o genocídio dos cananeus por parte dos Israelitas.

2. Richard Dawkins não deve ser levado muito a sério e se você for ateu militante em grande parte por influência dele, deveria reconsiderar.

Nem é preciso dizer que Richard Dawkins é um dos maiores promotores e defensores do ateísmo hoje em dia. Seu prestígio em meio aos ateístas, especialmente os mais engajados em discussões na internet, é enorme e podemos admitir que ele também goza de influência considerável no meio acadêmico secular. Logo, é claro que vários apologistas Cristãos considerem importante lidar com as idéias e argumentos proferidos por ele, em livros, palestras e… debates?

Bem, quem escreve e se pronuncia acerca de temas difíceis e polêmicos, tem de estar ciente de que suas palavras geram reações, que nem sempre se está certo e que às vezes é necessário – isso mesmo, além de importante e desejável é também necessário, num sentido de quase obrigatoriedade, debater suas idéias com outros acadêmicos, de visões opostas. Especialmente no que diz respeito a esse tema, da existência de Deus, que provavelmente é o assunto mais importante que existe.

Não obstante, Dawkins não tem um bom histórico como debatedor. Após ter escrito seu livro mais famoso, “O Relojoeiro Cego”, participou em um debate em 1986 contra criacionistas, porém, ficou desapontado, pois muito mais gente do que ele esperava, para um debate em Oxford, votou no lado criacionista e, talvez por conta disso, passou a evitar esse tipo de atividade. Até recentemente, quando passou a promover o ateísmo de maneira ainda mais agressiva e em 2007 participou em um debate contra o matemático John Lennox, no qual seu desempenho foi ruim. Talvez Dawkins tenha aceitado debater contra ele, pois pensou que, sendo um britânico, professor de Oxford, Lennox fosse um Cristão muito genérico, mas esse não foi o caso e assim ele tem evitado engajar em discussões e debates com apologistas Cristãos bem preparados, preferindo confrontar clérigos despreparados, tipo esses Ted Haggards da vida.

De qualquer forma, recentemente tem havido um movimento cujo tamanho e importância eu não sei estimar, pedindo para que Dawkins engaje em um debate acadêmico contra o apologista Cristão William Lane Craig, tendo em vista a importância e proeminência dos dois para suas respectivas visões de mundo. Dawkins se recusa, claro. Os problemas são que, além de se recusar, Dawkins usa de ataques pessoais para denegrir Craig e suas justificativas para não participar são tão ruins que praticamente chegam a ser admissões tácitas de que ele perderia o debate: grande surpresa… Vejamos algumas no vídeo a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=yDDdUK6qQpA

Mas pra quê isso? Ora, mesmo sendo blindado artificialmente por uma turba inflamada de ateus militantes da internet, ele sabe muito bem que se tornou uma espécie de pilar da fé para o ateísmo de muitos. Também sabe muito bem que seus argumentos não são grande coisa. Isso poderia acarretar em perda de prestígio e alguns crentes no ateísmo poderiam reconsiderar seus posicionamentos.

Então, recentemente, Dawkins fabricou mais uma desculpa para não debater, baseada no episódio de desapropriação das terras dos cananeus por parte dos Israelitas:

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/oct/20/richard-dawkins-william-lane-craig?CMP=twt_fd

Esse mesmo artigo foi depois criticado por dois outros ateístas, no mesmo jornal:

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/belief/2011/oct/22/richard-dawkins-refusal-debate-william-lane-craig

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/andrewbrown/2011/nov/09/richard-dawkins-william-lane-craig

Craig responde a essa acusação exatamente no evento em que se esperava (não muito) que Dawkins participasse (é o vídeo inicial):

http://www.youtube.com/watch?v=EN8eMcngP-w

Pra terminar, acho que também é importante mostrar que, se o critério de Dawkins é o de que ele não quer nem chegar perto de quem supostamente apóia matanças em certas ocasiões, está sendo inconsistente:

1. Ele mesmo, em seu livro O rio que saia do Éden (p. 70), nos diz sobre esse nosso universo:

“Ao contrário, se o universo fosse constituído apenas por elétrons e genes egoístas, tragédias sem sentido como o desastre deste ônibus seriam exatamente o que esperaríamos, junto com uma boa sorte igualmente destituída de significado. Este universo não teria intenções boas ou más. Não manifestaria qualquer tipo de intenção. Em um universo de forças físicas e replicação genética cegas, algumas pessoas serão machucadas, outras pessoas terão sorte, você não achará qualquer sentido nele, nem qualquer tipo de justiça. O universo que observamos tem precisamente as propriedades que deveríamos esperar se, no fundo, não há projeto, propósito, bem ou mal, nada a não ser uma indiferença cega, impiedosa. Como o infeliz poeta A. E. Housman colocou:

For Nature, heartless , witless Nature Will neither know or care

Pois a natureza, desapiedada, a natureza estúpida! Não saberá ou se importará.

O ADN não sabe e nem se importa. O ADN apenas é. E nós dançamos de acordo com a sua música.”

Quem pensa assim, não tem justificativa pra ficar reclamando de que coisas ruins acontecem por aí.

2. Ele mesmo, ao lado de alguém que considero grotesco, Peter Singer, considera que é viável matar crianças de até dois anos de idade que tenham doenças ou algo que não lhes permita viver uma “vida digna”. Sempre é bom se indagar: a cura ou tratamento podem ser descobertos amanhã e acho até hilário esses senhores se considerarem aptos a palpitar sobre a dignidade da vida de alguém. Só ver aqui, aproximadamente dos 24 aos 28 minutos do vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=GYYNY2oKVWU

3. Christopher Hitchens considera que existe a possibilidade de o ocidente (digamos assim) ter de matar islâmicos em massa: http://scienceblogs.com/pharyngula/2007/10/ffrf_recap.php

4. Sam Harris também tem opinião similar, apesar de bem mais comedida, apesar de que, soltar uma bomba atômica em algum lugar, não parece ser algo tão moderado: http://www.samharris.org/site/full_text/response-to-controversy2

Antes de ser mal interpretado, destaco que é óbvio que Hitchens e Harris estão defendendo uma espécie de legítima defesa pré-emptiva, tendo em vista a periculosidade do inimigo. Mas compare os julgamentos: o dos ateístas é explodir todo mundo, o de Deus, no caso dos cananeus, foi a desapropriação das terras.

Dawkins talvez também creia que é melhor explodir do que expulsar: quer manter distância de Craig e prefere sentar na mesa com seus amigos ateus pra tomar cana e brincar de cavaleiro do apocalipse. Até que esse adjetivo caiu bem neles, entretanto, ao expulsar Craig da roda, explodiu sua credibilidade.

Terminando, após mostrar a inconsistência da posição de Dawkins e suas desculpas fabricadas. Se você é ateísta, deveria se perguntar o seguinte: “se nem o Dawkins bota tanta fé nos argumentos dele contra a existência de Deus, por que eu deveria?”.

PS: posteriormente, mais sobre como Deus é malvado e manda matar os outros, o que causa grande indignação nas alminhas puras de alguns ateístas militantes.

O QUE HÁ DE ERRADO COM O CASAMENTO GAY – PAUL COPAN

outubro 17, 2011 às 8:21 pm | Publicado em Blogroll, Uncategorized | Deixe um comentário

O QUE HÁ DE ERRADO COM O CASAMENTO GAY – Paul Copan

 

Tradução (traduzido e adaptado por mim, Maximiliano Mendes) do capítulo 10 do livro When God Goes to Starbucks: A Guide to Everyday Apologetics, de Paul Copan (2008), disponibilizado aqui:

 

http://www.apologetics.com/index.php?option=com_content&view=article&id=260:whats-wrong-with-gay-marriage&catid=36:cultural-apologetics&Itemid=54

 

Parte do problema no debate sobre o casamento gay é que as emoções correm soltas dos dois lados. Cada um firma o pé e recusa a se mover em qualquer direção. Algumas vezes os gays são caluniados e mal compreendidos pelos tradicionalistas, mas o oposto também pode ser verdade. Como lidamos com essa questão de definir (ou mudar a definição de) casamento na esfera pública? Estariam os tradicionalistas discriminando os gays, que crêem que deveriam ter “direitos iguais sob a lei”?

 

Primeiro, os Cristãos deveriam buscar entender, mostrar boa vontade, corrigir impressões equivocadas e construir pontes sempre que possível quando interagirem com aqueles que discordam sobre esse assunto emocional. Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a busca pela verdade e não fazer jogos políticos. O termo homofóbico é comumente mal empregado hoje em dia: “Se você não aceitar a homossexualidade como algo legítimo, você é um homofóbico”. Os Cristãos freqüentemente são homofóbicos: têm medo dos homossexuais. Mas não deveriam ter.  É útil perguntar o que as pessoas querem dizer quando usam esse termo. Se eles querem dizer não aceitação do homossexualismo como forma legítima de vida ao invés de medo dos homossexuais, então estão sendo inconsistentes. Nesse caso, estão sendo homofóbico-fóbicos – não aceitam as visões dos tradicionalistas como legítimas.

 

Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a justiça e busca pela verdade. Elizabeth Moberly explica:

 

Nenhum dos lados deveria fazer alegações infladas ou distorcer os dados. Ambos necessitam ser francos sobre suas deficiências. A busca pela verdade também implica numa preocupação essencial em não interpretar os outros de forma errônea e não segurar financiamentos para as pesquisas ou publicações das pessoas adeptas de outras visões. O desacordo genuíno e íntegro precisa ser respeitado e não dispensado como homofobia ou fanatismo. Esse não é um debate fácil. Mas se todos buscamos agir com integridade – se promovemos a busca pela verdade e mostramos respeito real por aqueles com os quais discordamos – então podemos realisticamente ter esperanças para o futuro1.

 

Essa busca pela verdade significa que a comunidade gay não deveria utilizar estudos tendenciosos ou a estatística falha dos 10 % [nota do tradutor: afirmar que esse é o percentual de homossexuais na população] a fim de elaborar seu argumento. E também não deveriam ignorar estudos clínicos que revelam a transformação genuína de clientes com tendências homossexuais em pessoas com tendências heterossexuais. Da mesma forma, os Cristãos não deveriam estereotipar ou fazer generalizações sobre os homossexuais. Por exemplo, os Cristãos (ou tradicionalistas) não deveriam assumir que os gays não têm direito à visitação ou herança (mais sobre isso adiante). Nem deveriam assumir que todos os gays são pedófilos. Entretanto, é verdade que a pedofilia é “estatísticamente mais proximamente associada ao homossexualismo do que com o heterossexualismo”, como escreve o psiquiatra Jeffrey Santinover de Harvard2. À primeira vista isso pode não ser aparente, porque aproximadamente 35 % dos pedófilos são homossexuais. Entretanto, o que a mídia não relata é que os “pedófilos homossexuais vitimizam muito mais crianças do que os pedófilos heterossexuais”, ou seja, “aproximadamente 80 % das vítimas de pedófilos são meninos molestados por homens adultos”3. Embora devamos ficar de guarda contra a pedofilia, seja iniciada por heterossexuais ou homossexuais, o ponto aqui é que a maioria dos homens gays não são pedófilos. Qualquer que seja o lado que se adote sobre a disputa, deveria haver comprometimento em se entender os dados corretamente e não estereotipar.

 

Em uma sociedade pluralista, ambos os lados deveriam estar comprometidos com a equidade no acesso quando se trata da educação sexual nas escolas públicas. Os desejos e valores dos pais deveriam ser respeitados nos programas de educação sexual dessas escolas (nessa área importante, eu e minha esposa tomamos a responsabilidade de nós mesmos ensinarmos nossas crianças, tendo poupado eles da educação sexual das escolas públicas). Em outras palavras, por que assumir que os estudantes das escolas públicas deveriam ouvir perspectivas pró-gay sobre o sexo nas aulas sobre saúde? Se a opção dos pais for que a educação sexual seja ensinada às suas crianças, então eles deveriam ter acesso igual a uma alternativa – um ambiente seguro – que apóia o sexo dentro do contexto do casamento heterossexual. E por que não se deveria permitir aos ex-gays freqüentarem uma aula que desse outra perspectiva importante sobre essa questão? A escola deveria permitir que seus clubes e organizações mantivessem um espectro de perspectivas e não somente uma, politicamente correta4.

 

Como Cristãos, deveríamos falar a verdade – mas em amor. Não seria uma mudança refrescante ver os Cristãos convidando os homossexuais para um grupo de apoio seguro; protestar contra o espancamento de homossexuais, discursos de ódio e outras formas de perturbação contra os homossexuais; visitar pacientes com AIDS nos hospitais; ou defender os direitos civis básicos dos homossexuais de procurar empregos ou visitar seus parceiros em um hospital? Mesmo que discordemos sobre o casamento gay, podemos mostrar que nosso desacordo não provém do ódio ou do medo; nós discordamos em espírito de amor. Como Chad Thompson nos lembra: “quem amar primeiro ganha”5.

 

Em segundo, apesar de invocar a “justiça”, o debate sobre o casamento gay tende a ser enraizado no relativismo moral – “O que é certo para você pode não ser certo para mim”. Mas então, por que achar que os humanos têm qualquer direito, incluindo o direito ao casamento gay? Se as pessoas insistem que a legalização do casamento gay é “inerentemente justa”, pode se imaginar: baseado em quê?

 

De onde vem o padrão de justiça, dignidade e direitos humanos? Como eu já havia argumentado em outro lugar, é difícil ver como tais padrões morais poderiam ser baseados em qualquer coisa que não um Criador bom, que fez os humanos à sua imagem. E se esse é o caso, então devemos nos voltar para o nosso design original na criação. Mesmo quando uma pessoa alega que pode fazer “tudo o que me faz feliz” sem interferência governamental, mas então qualifica essa opinião dizendo que “desde que não machuque ninguém” ou “mas isso deveria ser entre dois adultos em consentimento” ou “desde que você tolere outras visões”, nós vemos um padrão moral sendo inserido por baixo dos panos. Por que os relativistas ou os hedonistas (aqueles que buscam o prazer) incluem tais opiniões? De onde vem esse requerimento?

 

Relativismo moral e direitos não se misturam. O relativismo enfraquece qualquer apelo aos direitos: se os direitos existem, o relativismo é falso; mas se os direitos existem, de onde eles vêm? Novamente, nós apontamos na direção de um Deus bom que fez os humanos à sua imagem – E assim, dita os parâmetros relativos à nossa sexualidade.

 

Terceiro, se mudarmos nossa definição de casamento, por que restringi-lo a duas pessoas – ou mesmo aos humanos? Se o casamento é só um construto social, então por que se deveria preferir um arranjo matrimonial sobre outro e por que os gays deveriam receber tratamento preferencial sobre os outros? Hadley Arkes reconta um “arranjo matrimonial” incomum que ouviu dizer: “há não muito tempo, alguns amigos em Denver trouxeram a notícia de que um homem apareceu no escritório do distrito requerendo uma licença de casamento para ele e seu cavalo. E o secretário se encontrou na situação de alguém que aplica as leis, mas não se lembra mais das razões. Eu até me orgulho de lhe relatar que, quando me contaram a história, imaginei o motivo pelo qual o secretário finalmente se recusou a emitir a licença: o cavalo ainda não tinha 18 anos”6.

 

Durante o verão de 2004 eu estava escutando um programa de rádio. Uma mulher ligou para o programa, de Naples (Flórida) para expressar suas preferências maritais – para com o seu cachorro! Por que o estado não reconhecia essa união como legal? Uma vez que deixemos de lado a visão de união em uma só carne entre homem e mulher do casamento em favor do casamento da forma como os indivíduos escolherem defini-lo, teremos uma caixa de surpresas de possibilidades. Por que não considerar os seguintes “arranjos matrimoniais” como tendo proteções legais iguais?

 

  • Casamento de grupo (por exemplo, cinco homens e três mulheres, ou vice-versa). Por que definir o casamento como envolvendo duas pessoas “comprometidas” uma com a outra?
  • Casamento incestuoso (ex: um pai com uma filha, uma mãe com um filho, irmão com irmã).
  • Casamento bestial (ex: humano com um cachorro, um gato ou um cavalo). Por que pensar que os humanos não podem se casar com animais não-humanos? Isso poderia ser considerado “especismo” – o favorecimento inapropriado de uma espécie sobre as outras.
  • Pedofilia (um homem mais velho casando e fazendo sexo com uma criança pré-adolescente).
  • Casamento polígamo ou poliândrico (um homem com múltiplas mulheres ou uma mulher com múltiplos maridos).
  • Casamento consigo mesmo. Uma pessoa pode se opor ao “numerismo” – a suposição prejudicial de que o casamento deve envolver pelo menos duas pessoas.
  • Casamento entre adultos sem que haja consentimento. Quem disse que o casamento tem de envolver dois adultos em consentimento? Por que não ter um harém de parceiros sexuais (“esposas”) que são impedidas de irem embora?
  • Casamento não sexual. Por que não chamar as fraternidades universitárias, as uniões de estudantes, ou irmãos compartilhando um apartamento de “casamento”?
  • Casamento com objetos. Talvez possamos reconhecer uma pessoa por ser casada com seu dinheiro, seu emprego e etc.

 

Se o governo não reconhece qualquer uma dessas categorias como sendo de “casamentos”, isso é “injusto” e “discriminatório”? Se o casamento é apenas um arranjo construído socialmente resultante das escolhas e preferências humanas, é difícil ver como qualquer arranjo marital pode ser banido justamente7.

 

Quarto: o debate sobre o casamento gay não pode evitar questões sobre a identidade e o propósito humanos. A tentativa de redefinir casamento além de uma união em uma só carne entre marido e mulher frequentemente o reduz a um construto social relativístico – o casamento (como todos os outros padrões) pode ser moldado de acordo com as nossas preferências individuais. Promover a legalidade do casamento gay não é uma questão neutra. Ela tem ramificações de amplo espectro (adoção, leis de custódia de crianças, currículos das escolas públicas e privadas, leis de antidiscriminação baseadas no casamento) e o governo por si não pode permanecer neutro. Ele ou irá continuar com a definição assumida de casamento como sendo a união em uma só carne entre marido e mulher – ou irá desfazer isso, dando a seguinte mensagem: o casamento pode ser definido da forma que quisermos. Nesse caso, o casamento é baseado em nada mais que ligações emocionais e econômicas8.

 

Seriam os humanos apenas individualistas tomadores de decisões que vivem para se realizar através de suas expressões sexuais preferidas? Seriam apenas organismos biológicos? Ou haveria algo como uma natureza humana fixa, e, assim, um propósito ou um objetivo para perseguirmos? Essas questões devem ser bem consideradas sobre um assunto tão monumental como o casamento. A união em uma só carne entre homem e mulher é mais que apenas um ato sexual, é uma expressão de uma união interpessoal profunda que traz com ela profundos compromissos e lealdades. Isso não é simplesmente uma questão de se escolher seus próprios arranjos maritais, alguns dos quais são melhores que os outros. Sobre uma questão como essa, o Estado tem historicamente reconhecido – e não inventado a idéia – de que a união entre marido e mulher em uma só carne reflete a realidade moral, a natureza humana e a sexualidade ligada a ela.

 

Quinto, o Estado não pode ser neutro sobre a questão do casamento gay. Dizer que “o Estado deveria ser neutro sobre o casamento”, envolve um padrão moral. Muitas pessoas dizem que o governo não deveria tomar partido na questão do casamento. Ao invés de ser “tendencioso” em favor dos casais heterossexuais, o Estado deveria ser neutro e imparcial para com os casais, incluindo os casais de gays.

 

Entretanto, os que pensam que o governo é moralmente obrigado a ser moralmente neutro sobre a definição de casamento estão enganados. Dizer que o Estado tem uma responsabilidade moral de ver a questão do casamento como não-moral, na verdade é uma posição moral. Como Robert George, da Universidade de Princeton, diz: “a neutralidade entre a neutralidade e a não-neutralidade é logicamente impossível9. O Estado terá de adotar uma posição sobre a natureza do casamento e da família (ex: esses seriam apenas construtos sociais artificiais?) e a base do casamento (ex: seria ela apenas dois adultos em consentimento?).

 

Então, se o casamento gay for legalizado, isso não seria apenas uma mudança neutra. Pode-se esperar que os desacordos dos tradicionalistas, baseados em seus princípios, julgando o casamento gay como uma má idéia irá levar a denúncias sobre seus “discursos de ódio” e intolerância. Na verdade, grupos Cristãos (como a Associação Cristã InterVarsity) em vários campi universitários (ex: Universidade de Tufts) têm perdido fundos da administração por não permitirem gays em posições de liderança (apesar de o veredito não ter passado). Essa perda de fundos foi baseada na alegação de que esses grupos Cristãos eram intolerantes. Sem dúvidas, se as tendências presentes continuarem, pressões similares poderiam muito bem se aplicar às igrejas “intolerantes” que não aceitam as atividades homossexuais como moralmente legítimas.

 

Sexto, um arranjo parental de pai e mãe é o mais benéfico para as crianças e para a sociedade e as políticas públicas deveriam apoiar e assistir esse arranjo, a cada dia mais em risco, do que contribuir ainda mais para o seu fim. Considerações de Igreja à parte, a cultura vai para onde vão as famílias e os casamentos. Uma sociedade será tão saudável e forte quanto o são as famílias que a constituem. Se as famílias forem fragmentadas e disfuncionais, as sociedades também serão.

 

Devemos tomar cuidado sobre como definir o ideal do casamento (ou da família) de acordo com as tendências culturais. Só porque um terço de todas as crianças nos EUA nasce fora do casamento, isso está longe do ótimo. Média não é ideal ou normal (ex: a temperatura média dos pacientes nas camas dos hospitais pode ser bem acima do normal). Dito isso, deveríamos dar crédito e suporte às mães solteiras abandonadas (ou às viúvas), que criam seus filhos sozinhas, ou aos avôs, que criam seus netos sem a ajuda dos pais (talvez) “caloteiros”. Todavia, é o arranjo tradicional de pai e mãe que ajuda a prover um equilíbrio importante, que os outros arranjos (incluindo o casamento gay) não contribuem.

 

O sociólogo David Popenoe argumenta que os pais e mães fazem contribuições complementares para as vidas de seus filhos: “As crianças têm necessidades duplas que devem ser preenchidas [pela complementaridade dos estilos de criação dos pais e mães]: um para a independência e outro pelas relações, um para o desafio e o outro para o suporte”10. Uma criança não necessita apenas de “pais”, ela precisa de um pai e uma mãe e devem aprender a se relacionar com cada um de diferentes formas. Maggie Gallagher argumenta em The Case for Marriage (“Em Defesa do Casamento”) que as culturas e as comunidades morrem quando a idéia do casamento morre11. O casamento gay separa o casamento e a criação dos filhos, algo que o casamento tradicional não faz: quando você está pronto para se casar, está pronto para ter filhos. Na Escandinávia ou na Holanda, o que a coabitação (e a equalização legal do casamento com a coabitação) começou, foi legalizar, expandir e reforçar o casamento gay. Em 2000, o Los Angeles Times relatou que os Escandinavos têm “tudo, mas desistiram do casamento como arcabouço para a vida familiar, preferindo a coabitação mesmo depois de seus filhos terem nascido”12. Por exemplo, o número de crianças vivendo com pais casados caiu 16 % de 1989 a 2002 (78 para 62 %). Com o casamento gay legalizado, que reforça ainda mais a separação do casamento e das crianças, a queda continua: “[Os noruegueses] começaram a mudar, de tratar o primeiro filho como um teste para um possível casamento, para desistir completamente do matrimônio13. Uma tendência semelhante ocorreu na Holanda, como mostrado por Stanley Kurtz14. Além disso, é bem sabido que os homens gays tendem a serem mais promíscuos sexualmente e mais desligados emocionalmente do que as mulheres; essa consideração, por si só, não encoraja a estabilidade familiar. Como o casamento gay tende a diminuir a família ao invés de reforçá-la, devemos tomar cuidado ao nos apressarmos para legalizá-lo e desestabilizar ainda mais a instituição do casamento.

 

Sétimo, deveríamos considerar como a pressão na direção do casamento gay envolve a pressão em direção à pedofilia e a diminuição das leis que envolvem idade de consentimento. Esse fato deveria nos tornar cautelosos sobre encorajar o casamento gay e a adoção gay. Deveria haver resistência contra organizações como a NAMBLA (North American Man/Boy Love Association), que defendem a pedofilia e a diminuição da idade legal de consentimento sexual. Embora a NAMBLA condene o abuso e a coerção sexuais, afirma: “Acreditamos que os sentimentos sexuais sejam uma força vital positiva. Apoiamos os direitos dos jovens como também dos adultos de escolherem os parceiros com os quais desejarem compartilhar e desfrutar de seus corpos”15. Em uma edição dupla do Journal of Homosexuality (devotado ao sexo de adultos e crianças) um autor se refere de maneira positiva aos “assistentes sociais que fazem milagres com jovens delinqüentes aparentemente incorrigíveis – não pregando para eles, mas sim, dormindo com eles”. Isso “fez muito mais bem do que os anos nos reformatórios”16. Para piorar a situação, a Associação Americana de Psicologia (em seu boletim) não vê mais a pedofilia como danosa17. Há até um periódico, holandês, Paedika: The Journal of Paedophilia, cuja edição premier começou com o reconhecimento editorial: “O ponto de partida do Paedika é necessariamente a nossa consciência de nós mesmos como pedófilos”18.

 

O que é perturbador é o aumento da abertura dentro da comunidade gay a respeito da pedofilia e da busca pela redução das leis de idade de consentimento. Isso, combinado com a taxa muito mais alta de parceiros sexuais entre homens gays e a maior taxa de molestação de crianças e pedofilia pelos homossexuais, deveriam gerar sinais de alerta sobre a adoção gay. Sim, muitos gays e lésbicas podem e oferecem educação e cuidados às crianças, mas isso não deveria ser a base para moldar políticas públicas e revisar as nossas definições sobre a família e o casamento19.

 

Oitavo, muitas preocupações levantadas pelos homossexuais podem ser discutidas sem ter de mudar a definição de casamento. Os homossexuais já têm muitas liberdades civis no ocidente. Eles são livres legalmente para se envolverem em sexo homossexual, coabitar, ter bons empregos, concorrer a cargos públicos e, sim, eles têm o direito ao casamento heterossexual! Uma das barreiras principais é se o casamento deveria ser redefinido para dar aos homossexuais direitos idênticos aos de um marido e uma mulher. Por exemplo, muitos homossexuais alegam que o casamento, como definido atualmente, implica que as pessoas homossexuais serão privadas do direito à herança, segurança social, direito de visita em um hospital (ex: visitar um parceiro gay que esteja morrendo de AIDS), ter poder de procuração, compartilhar a cobertura de seguros e coisas do tipo. Entretanto, esses tipos de benefícios para os homossexuais podem ser acomodados sem ter de mudar a definição de casamento. “Casamento gay não garante nenhuma liberdade nova e negar licenças de casamento aos homossexuais não restringe nenhuma liberdade. Nada impede alguém – de qualquer idade, raça, gênero, classe ou preferência sexual – de fazer compromissos amorosos para toda a vida, jurando fidelidade até que a morte o separe. Eles podem não ter certos direitos, mas as liberdades eles têm”20. Não é necessária uma redefinição radical de casamento; talvez apenas a modificação de alguma lei.

 

Nono, os Cristãos deveriam se engajar politicamente e tentar resguardar certas condições de preservação da cultura para o bem comum. Mas mais importante, a Igreja deve ser a Igreja. Os crentes, na dependência do Espírito de Deus, deveriam viver em verdade e em amor, ao invés de depender de políticas governamentais para ajustar o tom moral de uma nação. É claro que os Cristãos deveriam votar, concorrer a cargos públicos, envolverem-se nos conselhos representativos dos alunos de escolas públicas e nos currículos educacionais, e trabalhar duro para prevenir que o casamento seja redefinido e a idade de consentimento seja diminuída.

 

Entretanto, muito frequentemente, os Cristãos respondem ao declínio cultural com medo ou tentam tomar o controle de uma cultura através das leis. Eles gritam: “Tomemos a América de volta!” ou “Façam a América voltar a ser Cristã!”. Tais declarações são frequentemente motivadas pelo medo da perda do status majoritário e desejo por influência política e poder21. Seríamos sábios em escutar Tácito, o historiador (AD 33 – 120), que escreveu sobre Roma: “Quanto mais corrupta for a República, mais numerosas serão as leis”22. Muitos Cristãos têm depositado sua confiança em mudar as leis ao invés de, com a ajuda de Deus, mudar os corações dos confrades pecadores pelos quais Cristo morreu (1 João 2:2). A Igreja na América frequentemente depende de legislação para fazer o serviço que Deus chama o seu povo para fazer. A transformação que o Espírito opera em nós e naqueles a nossa volta vem quando amamos Deus e os nossos vizinhos – o ponto central do nosso compromisso Cristão.

 

Sumário:

 

  • Nossa prioridade é mostrar graça e estender a amizade àqueles que discordam de nós na questão emocional do casamento gay. Entretanto, deveríamos tentar discutir de forma as impressões equivocadas (ex: a “estatística dos 10 %”). Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a busca pela verdade e não com as ofensas e jogos de poder político.
  • A questão do casamento gay, apesar dos apelos “ao que é certo”, é provavelmente baseada no relativismo moral (“o que pode ser certo para você pode não ser para mim”). Isso traz à tona a questão: por que pensar que os humanos têm quaisquer direitos, incluindo o direito ao casamento gay? O relativismo moral mina qualquer apelo aos direitos; se eles existem, o relativismo é falso. Mas se os direitos existem, de onde eles vêm?
  • Mudar a definição padrão de casamento nos leva a perguntar: por que restringir o casamento a duas pessoas – ou mesmo aos humanos? Se o casamento é meramente um arranjo construído socialmente, por que qualquer um desses arranjos deveria ter preferência em relação aos outros e por que os gays deveriam ter tratamento preferencial sobre os outros?
  • A natureza, a identidade e o propósito humanos são uma parte crucial e inevitável da discussão. Redefinir o casamento para distanciá-lo da união em uma só carne entre marido e mulher nos deixa com um construto social relativista – o casamento (ou mesmo a identidade humana) é só uma questão de escolha pessoal, moldada de acordo com as preferências pessoais.
  • Um modelo tradicional de criação por um pai e uma mãe é empiricamente mais beneficial para as crianças e para a sociedade. As políticas públicas deveriam apoiar e assistir esse modelo, que está sendo minado, ao invés de contribuírem ainda mais para a sua extinção.
  • Deveríamos notar que a pressão em direção ao casamento gay nos move na direção da pedofilia e isso deveria nos deixar cautelosos sobre o casamento e a adoção gays.
  • Os homossexuais frequentemente alegam certas preocupações sobre “direitos civis”, mas essas podem ser discutidas sem ter de mudar a definição de casamento.
  • Enquanto os Cristãos deveriam se engajar politicamente e tentar preservar certas condições importantes de preservação cultural, para o bem comum, a obrigação maior para a Igreja é ser a Igreja. Deveríamos viver em verdade e em amor, dependendo do poder do Espírito de Deus, ao invés de políticas governamentais para por em curso o tom moral da nossa cultura.

 

Para Saber mais:

 

Beckwith, Francis J., and Gregory Koukl. Relativism: Feet Firmly Planted in Mid-air. Grand Rapids: Baker, 1998. Chapter 12, “Relativism and the Meaning of Marriage.”

Ellison, Marvin M., et al. “The Same-Sex Marriage Debate.” Philosophia Christi 7, no. 1 (2005): 5–58.

George, Robert P. The Clash of Orthodoxies: Law, Religion, and Morality in Crisis. Wilmington, DE: ISI Books, 2001.

Popenoe, David. Life without Father. New York: Free Press, 1996. Chapter 5, “What Do Fathers Do?”

Santinover, Jeffrey. Homosexuality and the Politics of Truth. Grand Rapids: Baker, 1996.

Wolfe, Christopher. Homosexuality and American Public Life. Dallas: Spence, 1999.

 

Referências e Notas:

 

1. Moberly, “Homosexuality and the Truth,” p.33.

2. Jeffrey Satinover, Homosexuality and the Politics of Truth (Grand Rapids: Baker, 1996), 62.

3. Noted and documented in Thomas Schmidt, Straight and Narrow? 114.
4. Chad W. Thompson, “Treat Gays With Respect, but Don’t Add Bias to Curricula,” Des Moines Register, April 27, 2004, 9A.

5. Thompson, Loving Homosexuals, 58-61, 63.

6. Hadley Arkes, “The Family and the Laws,”

http://www.fww.org/articles/wfpforum/harkes.htm (accessed October 18, 2006).
7. But didn’t the Bible permit polygamy? Did Jacob, David, Solomon, and others have more than one wife? In response, the spirit of Scripture seems to be that God tolerates such arrangements because of human hard-heartedness. However, we are regularly pointed back to God’s original design: “from the beginning it was not so,” Jesus says (Matt 19:8). Some of the points here are taken from Francis Beckwith, “Street Theatre in the Bay Area,” National Review Online, February 26, 2004, http://www.nationalreview.com.
8. From David Orgon Coolidge, “The Question of Marriage,” in Homosexuality and American Public Life, ed. Christopher Wolfe, 200-238.

9. Robert P. George, The Clash of Orthodoxies: Law, Religion, and Morality in Crisis (Wilmington, DE.: ISI Books, 2001), 75.

10. David Popenoe, Life without Father (New York: Free Press, 1996), 145. See especially chap. 5, “What Do Fathers Do?”

11. Maggie Gallagher, The Case for Marriage: Why Married People Are Happier, Healthier, and Better Off Financially (New York: Doubleday, 2000).

12. Study cited in Stanley Kurtz, “Unhealthy Half Truths: Scandinavia Marriage Is Dying,” National Review Online, May 25, 2004,

http://www.nationalreview.com/kurtz/kurtz200405250927.asp.
13. Ibid. See also Stanley Kurtz, “The End of Marriage in Scandinavia: The ‘Conservative Case’ for Same-Sex Marriage Collapses,” Weekly Standard 9, no. 20 (February 2, 2004), http://www.weeklystandard.com/Content/Public/Articles/000/000/003/660zypwj.asp.
14. Stanley Kurtz, “Unhealthy Half Truths.”

15. NAMBLA’s “Welcome Page,” http://www.216.220.97.17/welcome.htm (accessed October 16, 2006).

16. Edward Brongersma, “Boy-Lovers and Their Influence on Boys: Distorted Research and Anecdotal Observations,” Journal of Homosexuality 20 (1990): 160.

17. Referenced in NARTH, “The Problem with Pedophilia” (1998), http://www.narth.com/docs/pedophNEW.html (accessed October 18, 2006).

18. Cited in Jeffrey Satinover, “The Trojan Couch: How the Mental Health Associations Misrepresent Science,” NARTH. Available at

http://www.narth.com/docs/TheTrojanCouchSatinover.pdf. (accessed February 28, 2008).
19. See Gregory Rogers, “Suffer the Children: What’s Wrong with Gay Adoption,” Christian Research Journal 28, no. 2 (2005), http://www.equip.org/free/JAH050.htm (accesssed October 17, 2006). The failure of heterosexual couples to parent adequately isn’t itself an argument for the superiority of homosexual adoption. Studies advocating the positive results of gay parenting tend to be biased, limited, anecdotal, and inadequate. Exceptions shouldn’t be the basis for shaping public policy.
20. Greg Koukl, “Same-Sex Marriages: Challenges and Responses,” (May 2004), http://www.str.org/site/News2?page=NewsArticle&id=6553 (accessed October 17, 2006).
21. Os Guinness and John Seel, No God but God: Breaking with the Idols of Our Age (Chicago: Moody, 1992).

22. Tacitus, Annals 3.27 (or “laws were most numerous when the Republic was most corrupt”).

ICAR – Paulo, os corintianos, os romanistas e o celibato.

abril 3, 2011 às 8:32 pm | Publicado em Blogroll, Uncategorized | 2 Comentários

Paulo, os corintianos, os romanistas e o celibato.

 

Maximiliano Mendes (2011).

 

Todas as citações Bíblicas foram retiradas da ARA.

 

1 Co 7 é um capítulo complexo de se entender e tem sido utilizado pelos romanistas como justificativa para se exaltar o estado celibatário, exigido de seus clérigos e tido como melhor e mais abençoado que o matrimônio: Se alguém disser que o estado matrimonial deve ser colocado acima do estado da virgindade ou do celibato, e que não é melhor e mais abençoado permanecer em virgindade ou em celibato do que se unir em matrimônio, que seja anátema (sessão 24, cânon 10 do concílio de Trento[i]).

 

Porém, isso entra em contradição com o que Deus diz em Gn 2:18 – Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.

 

Se não é bom que o homem esteja só, é ruim que ele esteja só, pelo menos de forma geral. Logo, não se pode dizer que é melhor e mais abençoado que ele esteja só, celibatário. Mesmo que se afirme que ao adotar o celibatarismo clerical o indivíduo não fique só, pois se casa com Deus e a Igreja, ou algo do tipo, esse argumento cai por terra por dois motivos. O primeiro é que a Igreja já é a noiva de Cristo, composta de solteiros e casados…

 

O segundo motivo é que, de acordo com Gn 3:8, Deus passeava no Éden, ou seja, já fazia companhia a Adão. Portanto, o tipo de solidão à qual o texto se refere é a solidão em termos de ter ou não uma companheira humana, por isso o Senhor criou uma mulher para que fosse ajudadora do homem e não outro amigo celibatário. Se ser celibatário fosse algo tão superior quanto se alega, tomando a piada emprestada, talvez Deus tivesse criado Adão e Ivo, quem sabe até hoje o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não tivesse sido comido…

 

Ademais, sabemos por experiência prática do dia-a-dia que, se por um lado é verdade que de forma geral um solteiro tem mais tempo disponível para se envolver na obra, em trabalhos e funções na Igreja, dizer que ele é mais santo é um equívoco, pois, por exemplo, um casal também pode investir grande parte de seu tempo e se santificar participando de ministérios familiares e na própria formação Cristã dos filhos, edificação mútua, dando bom testemunho aos vizinhos e etc. (Sendo a família o próprio “laboratório”).

 

Outro detalhe freqüentemente negligenciado é o seguinte: se o tempo disponível para a obra é proporcional à santidade, deveríamos parar de trabalhar também caso quiséssemos ser mais santos. Espero que o leitor já tenha percebido até que ponto se pode ir com essa mentalidade ascética extremista. Vários clérigos romanistas realmente não trabalham, mas nem Paulo era assim, pois produzia tendas (Atos 18:1-4). Seriam então esses clérigos romanistas mais santos do que Paulo? Do que Pedro, que ainda por cima era casado? Paulo então era definitivamente mais santo do que Pedro? Outro exemplo é o do profeta Samuel, que foi dedicado ao Senhor (1 Sm 1:28), no entanto era casado (1 Sm 8:1-2 indica que ele tinha filhos).

 

Em resumo: o Cristão autêntico tenta refletir Cristo e servir a Deus em tudo o que faz 24 h por dia, em casa e no trabalho, independente de ser solteiro, casado, ter trabalho ou não. Ter mais tempo para evangelizar e sair em missões é uma coisa, ser mais santo e abençoado é outra. Cada tipo de indivíduo tem sua vocação e enfrenta suas dificuldades. Para o celibatário seria o domínio próprio (1 Co 7:9), para o homem casado, cuidar da esposa de forma abnegada (Ef 5:25) e para quem tiver filhos, cuidar bem da criação deles (1 Tm 3:4). Seriam essas coisas triviais e mundanas? Não. E para isso todos devem se santificar e usar suas vocações em prol da obra missionária e edificação da Igreja.

 

Porém, verdade seja dita: ao lermos 1 Co 7 temos a impressão de que, para Paulo, o casamento é apenas uma opção para se evitar a imoralidade sexual[ii] e, assim, a Bíblia confirmaria as crenças romanistas. E não é só isso, no começo do capítulo ele deixa claro que os cônjuges têm obrigações mútuas (vs. 3 – 5), e então no v. 29, diz que os casados deveriam ser como se não o fossem! Há algo muito estranho aqui…

 

Mas como Paulo não pode contradizer Gn 2:18, o conjunto geral dos ensinamentos Bíblicos sobre o estado matrimonial e nem o que sabemos observando as coisas no dia-a-dia, como resolver esse problema, se a Bíblia é inspirada e inerrante? (Para quem acredita na inerrância, claro).

 

Os conselhos de Paulo e os mandamentos do Senhor

 

Paulo era um homem educado, um fariseu (Atos 23:6), tinha conhecimentos sobre o conteúdo das Escrituras e escreveu inspirado pelo Espírito Santo de Deus. Logo, aquilo que foi inspirado indica o melhor caminho a ser seguido, não necessariamente para todas as situações, mas pelo menos para situações específicas ou nos apontar para alguma direção. Em 1 Co 7, vemos que Paulo deixa claro quando emite uma opinião pessoal, mas inspirada, (vs. 7, 12, 25 e 40) e um mandamento do Senhor (v. 10).

 

É importante que logo de início tenhamos o cuidado de distinguir essas instruções, pois caso não o fizermos, podemos descontextualizar a situação e daí surgirão erros de interpretação com conseqüências potencialmente desastrosas.

 

Por exemplo, no v. 7 Paulo diz: Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na verdade, de um modo; outro, de outro. Se descontextualizarmos o comentário (e não comando!) como creio que os romanistas fazem, poderíamos chegar a conclusão de que sempre o ideal é que todos fossem solteiros/celibatários e entraríamos em contradição direta com Gn 2:18, 1 Tm 5:14 (onde Paulo recomenda às viúvas jovens que se casem) e 1 Tm 3 (mais especificamente os vs. 5 e 12). Porém, como o texto é inspirado, mesmo sendo uma opinião, o que temos de tirar daí que é válido universalmente? Que nossos desejos estão abaixo da vontade de Deus: Paulo desejaria, talvez por achar que sabe o que é melhor para si, para os outros e para o Reino, que todos fossem como ele, mas reconhece prontamente que Deus dá dons específicos a cada membro do corpo, para que cada um possa fazer sua função, um, na verdade, de um modo; outro, de outro, ou seja, o dom se “expressa” ou é utilizado de maneira distinta dependendo do individuo. É simples entender isso: tanto Paulo quanto Pedro tinham o dom apostólico[iii] mas Paulo era solteiro e viajava só, ao passo que Pedro viajava com a esposa (1 Co 9:5)[iv]. Paulo também tinha o que se pode chamar de dom missionário (Ef 3:7-8)[v]. Há missionári@s solteir@s e casad@s[vi].

 

Assim, a idéia desse artigo é mostrar que é melhor interpretar 1 Co 7 entendendo que os conselhos que Paulo dá são para aquele contexto em particular, e não que sejam válidos universalmente. Em princípio sempre temos de ter em mente a expressão “angustiosa situação presente” (v. 26) e também compreender três coisas: o contexto da cidade de Corinto, o que é preterismo parcial, e o que o historiador Ben Witherington III chama de linguagem da iminência, utilizada por Paulo.

 

O contexto de Corinto:

 

De acordo com Horsley (1998), no tempo em que Paulo escreveu essa carta, a cidade, um centro comercial, estava sob o domínio romano, e sua população consistia em grande parte de cidadãos romanos de classe baixa e ex-escravos. 1 Co 1:26 é evidência  disso: Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento. Soa mal, mas como diria o Kiko, os corintianos eram uma “gentalha”. Acredita-se que Paulo tenha ficado aproximadamente de 50-51 DC na cidade. Já a carta, pode ter sido escrita em 53, 54 ou 55, quando Paulo estava em Éfeso[vii].

 

Dentre os vários deuses para os quais os cidadãos prestavam cultos, estavam Afrodite e Ísis (essa, egípcia), deusas da fertilidade. Apesar de ser um ponto polêmico, contestado por pesquisadoras tidas como feministas, é possível que os rituais dedicados à Afrodite, em Corinto, envolvessem práticas sexuais[viii]. “Corintiana” chegou a ser um termo pejorativo usado em Atenas para se qualificar alguma mulher sexualmente[ix].

 

Assim, uma das coisas mais importantes a se destacar sobre essa cidade é a imoralidade. Em 1 Co 5:1 lemos: Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. Os comentários Bíblicos, em geral, também destacam essa particularidade[x],[xi]. Concluímos então que Paulo não estava escrevendo essa carta tendo como foco jovens virgens inocentes, mas sim pessoas que em sua maioria já haviam tido suas experiências sexuais fora do matrimônio e sejamos francos: uma vez tendo experimentado o negócio, fica difícil não querer mais. E sendo difícil não querer mais, dificilmente o pessoal estava conseguindo se abster, pois como o texto indica, eles estavam pelo menos no nível dos pagãos em termos de libertinagem sexual.

 

Mais um exemplo é o trecho em 1 Co 6:12-21, onde, talvez Paulo esteja escrevendo em resposta ao pensamento de alguns cínicos. Apesar de pregarem a busca pelo desapego às coisas materiais, inclusive afirmando que o casamento seria uma distração nessa direção, alguns desses filósofos achavam que não havia grandes problemas em liberar as paixões sexuais em prostitutas[xii], algo que possivelmente estava sendo feito por alguns Cristãos corintianos!

 

Atrelados ao problema da imoralidade, também se sabe que os Corintianos eram carnais e imaturos:

 

  • 1 Co 3:1-3 – 1Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. 2Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. 3Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
  • 1 Co 11:20-21 – 20Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 21Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague.

 

Você acharia conveniente entregar sua filha em casamento a um corintiano daquele tempo? Deixaria sua filha ou filho casar com alguém ainda impregnado de imoralidade? Provavelmente não, e por isso Paulo fala em 1 Co 7:1 que é bom que o homem não toque em mulher, e no v. 38: … quem casa a sua filha virgem faz bem; quem não a casa faz melhor. Quando se entende o contexto, a angustiosa situação presente, e notando que nesse segundo caso Paulo não está emitindo um mandamento do Senhor, rapidamente se dispersa qualquer interpretação errônea que nos leve a pensar que a melhor decisão do mundo é manter as filhas solteiras e castas, talvez num convento.

 

Se por um lado muitos não estavam conseguindo se segurar, outros estavam, mas sendo extremistas. Sabemos por experiência prática que, algumas vezes, quando alguém cuja vida era muito desregrada se converte, procura se manter o mais longe possível das coisas que têm a ver com o estilo de vida anterior. Assim, é muito comum vermos aquel@s santarrões nas igrejas achando que tudo é perversão, às vezes, até o sexo dentro do casamento. É até interessante destacar que dois dos grandes responsáveis pela exaltação do celibato no romanismo foram Agostinho de Hipona, ex-libertino, e Jerônimo, ex-homossexual[xiii].

 

Vemos então que algumas pessoas acabam se tornando extremistas como uma espécie de mecanismo de defesa. Também havia esse tipo de Cristãos em Corinto, tanto é que Paulo tem de lidar com os casos do pessoal que estava cogitando se divorciar do cônjuge não Cristão (1 Co 7:10-16) e outros que queriam se abster das relações sexuais lícitas dentro do matrimônio (1 Co 7:5).

 

Aliás, sobre isso, antes de prosseguirmos é bom mencionar que quando Paulo diz que concede alguma coisa em 1 Co 7:6, ele está se referindo ao que havia mencionado no versículo anterior, e não do v. 1 ao 5, ou seja, abstinência temporária[xiv]: 5. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência. 6. E isto vos digo como concessão e não por mandamento.

 

Além disso, no próprio versículo 1 pode  ser que Paulo não esteja dando sua opinião diretamente “é quase certo que ele esteja citando a opinião de seu correspondente, cujos ideais e práticas sexuais ele [Paulo] não apóia” e uma tradução alternativa desse trecho poderia ser: “Em relação aos assuntos que vocês mencionam em sua carta. Vocês dizem: é uma coisa boa o homem não ter relações com uma mulher. Eu digo: cada homem deveria ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido, por causa dos perigos da prostituição[xv]. Também é interessante notar que provavelmente, os correspondentes principais nos vs. 1-16 eram mulheres adeptas do ascetismo[xvi]. De novo vemos que ao estudarmos o contexto, entendemos com mais facilidade o texto e eliminamos interpretações errôneas, como as dos romanistas.

 

Seja como for, talvez o leitor também concorde que as pessoas acostumadas a uma sexualidade distorcida também devessem se resguardar, pelo menos por um tempo, enquanto passam por um processo de crescimento espiritual. Especialmente se tiver interesse em se casar com a sua filha virgem!

 

Além do problema sexual, temos mais. A angustiosa situação presente também pode se referir às várias situações adversas que os Cristãos estavam enfrentando (cf. 2 Tm 3:12), como a perseguição em Roma durante o governo de Nero. Podem ser somados a isso os agravantes corintianos e também podemos considerar um evento de fome em Corinto.

 

De acordo com Blue (1991), sabe-se que de tempos em tempos havia escassez de grãos na cidade, o que exigia a eleição de um superintendente do suprimento de grãos (curator annonae). Blue nos informa que durante o ano 51, foi eleito um superintendente chamado Dínipo, enquanto Gálio era governador da Acaia/Aquéia (província cuja capital era Corinto)[xvii]. Como já vimos, é provável que Paulo tenha estado na cidade durante os anos 50 e 51. Pode ser então que uma escassez de grãos ou uma ameaça iminente disso acontecer tenha contribuído para que a situação fosse angustiosa.

 

Uma possível objeção seria o fato de que na segunda carta de Paulo aos Coríntios, nos capítulos 8 e 9, nos é relatado que eles estavam ajudando os Cristãos necessitados da Judéia com recursos. Porém, note que Paulo escreveu 2 Coríntios aproximadamente um ano após a primeira carta[xviii], e talvez, em um ano, a situação pudesse ter se normalizado ou então a escassez não chegou a acontecer de forma tão séria. Ademais, não se diz qual foi o tipo de recurso ofertado e também não é impossível que alguém necessitado ajude outro em condições piores. Assim, um evento de fome pode permanecer como fator contribuinte atinente à situação angustiosa à qual Paulo se refere no v. 26.

 

Até agora temos então que os Cristãos de Corinto viviam em um ambiente de imoralidade sexual, eles mesmos ainda eram imorais e, como os métodos contraceptivos do passado não eram tão eficientes como os atuais, as mulheres engravidavam com mais facilidade. Ter filhos em condições adversas não é a coisa mais recomendável do mundo, o contrário é que é. Deus sabe muito bem disso e por isso ordena a Jeremias em Jr 16:1-4 – 1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 2 Não tomarás mulher, não terás filhos nem filhas neste lugar. 3 Porque assim diz o SENHOR acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca das mães que os tiverem e dos pais que os gerarem nesta terra: 4 Morrerão vitimados de enfermidades e não serão pranteados, nem sepultados; servirão de esterco para a terra. A espada e a fome os consumirão, e o seu cadáver servirá de pasto às aves do céu e aos animais da terra. Talvez Paulo estivesse fazendo suas recomendações baseado em parte no conhecimento desse trecho.

 

Prosseguindo, ainda no âmbito das adversidades, ao ler o Novo Testamento, muitas vezes você irá ver esses termos como “angustiosa situação presente” (1 Co 7:26), “o tempo se abrevia” (1 Co 7:29) e etc. (Veja também Rm 13:11-12 e Fp 4:5). Notamos que esses trechos têm natureza escatológica e é isso o que discutiremos a seguir.

 

O preterismo parcial e a linguagem da iminência:

 

Basicamente, o preterismo parcial é a visão de que várias (mas não todas!) as profecias referentes ao chamado fim dos tempos já foram cumpridas. Mais especificamente, muito do que se profetizou foi cumprido com a destruição de Jerusalém no ano 70 DC[xix]. Logo, isso justificaria o fato de que o Espírito Santo inspirou os autores Bíblicos a se comunicarem em alguns trechos, como 1 Co 7:29, utilizando essa linguagem ansiosa, pois no período de alguns anos, o mundo passaria por uma grande tribulação e os Cristãos deveriam se empenhar na obra evangelística, com o objetivo de trazer o maior número possível de vidas para Cristo.

 

Em seu livro Jesus, Paul and the end of the World, o historiador Ben Witherington III nos diz:

 

Considere por um momento a seguinte possibilidade. Suponha que Paulo não sabia e nem pretendia saber a hora da segunda vinda, mas achava possível que seria logo. Suponha também que ele não sabia que iria morrer antes da parousia. Se ele não sabia a hora da parousia ou da sua própria morte, não poderia assumir que morreria antes dela. Isso quer dizer que a única categoria na qual ele possivelmente poderia se enquadrar quando comentava sobre a parousia era a dos vivos (dada sua ignorância sobre a hora de ambos os eventos). Paulo não poderia ter dito: “Nós que vamos morrer antes da parousia”, porque isso pressupunha que ele sabia que a parousia ainda ia levar um certo tempo. O ponto é: ele simplesmente não sabia a hora desses eventos e, assim, tinha de se preparar e alertar seus convertidos porque a parousia poderia vir logo[xx]. […] A confirmação da validez desse argumento vem no que segue imediatamente (1 Ts 5:2-11). O Dia do Senhor é descrito como algo que vem como “um ladrão na noite”[xxi].

 

Ou seja, devido à angustiosa situação presente e por questões de precaução é que Paulo escrevia da forma que lemos e isso inclui a recomendação da vida de solteiro a quem tivesse essa vocação.

 

A natureza escatológica em 1 Co 7 é clara no trecho localizado nos vs. 29-31. Paulo está opinando (ele deixa isso claro no v. 25), dentre outras coisas, que os casados sejam como se o não fossem. É muito difícil crer que ele estivesse contradizendo o que havia dito nos vs. 3-5. De acordo com Horsley (1998), expressões como “o tempo se abrevia” se referem ao iminente desaparecimento do sistema econômico e formas sociais básicas, nesse caso, o casamento patriarcal e os aspectos emocionais atrelados a ele[xxii]. Logo, talvez o que ele quis dizer é que era para viver como se não fossem casados daquela forma. É uma possibilidade, inclusive porque o uso da linguagem onde se invertem as relações normais está de acordo com várias expectativas tradicionais dos Judeus para o fim[xxiii]. Um exemplo muito bom é o trecho em Joel 2:28-32.

 

Outro ponto em que ele parece se contradizer é quando diz que os casados estão divididos quanto às coisas do Senhor e as “coisas do mundo”, o sentido pejorativo também deve ser entendido como sendo específico para o contexto de Corinto e dentro de uma perspectiva escatológica, pois como já foi mencionado algumas vezes, o que Paulo diz em Ef 5:25 e 1 Tm 3:4 não pode ser tomado de forma pejorativa, mundana, e também devemos ter em mente que para Paulo, naquela situação, o objetivo primordial era ganhar o maior número de almas possível para Cristo (1 Co 9:19).

 

Logo, reiterando, para quem crê na inerrância Bíblica, a solução é a de que esses conselhos que Paulo (e não o Senhor!) oferece são específicos para o contexto de Corinto, tanto é que não vemos nas cartas subseqüentes tanta ansiedade quanto a esse tópico. A inferência é que temos um conselho no qual Paulo alerta para a necessidade de os Cristãos imorais, carnais e imaturos de Corinto se consagrarem e se dedicarem à obra missionária, pois infelizmente a situação presente era mesmo angustiosa.

 

CONCLUINDO…

 

Concluindo, foram oferecidos vários argumentos para se crer que não há base Bíblica para se crer que o estado celibatário seja melhor e mais abençoado que o matrimonial, por mais que se queira exaltar o clero romanista. 1 Co 7 deve ser entendido como consistindo de conselhos específicos para aquela comunidade, caso contrário, surgem problemas e contradições Bíblicas. Você decide: prefere crer na inerrância Bíblica ou no magistério romanista? Que diz que os clérigos estão num estado melhor e mais abençoado que o seu, mesmo que você seja um Cristão (ou Cristã) sincero e dedicado a servir a Deus e à sua família? Mesmo que você e seu cônjuge estejam envolvidos nos ministérios familiares da igreja romana? Se eu fosse você sairia dessa e adotaria o Cristianismo Bíblico.

 

Adendos:

1. O celibato é um dom mesmo?

 

Creio que a finalidade dos Dons do Espírito Santo de Deus seja a edificação da Igreja. Quando comecei a ler para escrever esse artigo, estava convencido, como muitos, de que o celibato seria um desses Dons. Porém, mudei de idéia. Primeiro porque ser solteiro ou casado não necessariamente edifica a Igreja. Há bons clérigos celibatários (John Stott, por exemplo) e bons clérigos casados. Isso não quer dizer nada. Ademais, se ser celibatário é um dom ser casado também é, então se continuarmos expandindo as vocações desse jeito, tudo vai virar Dom do Espírito, ganhar dinheiro, estudar muito e etc.

 

Agora, um motivo ainda melhor pra se crer que o celibato não seja um Dom do Espírito é o seguinte: pra que o Espírito Santo de Deus estaria concedendo esse Dom aos monges budistas?

 

Assim, pensemos, ou só se obtém os Dons do Espírito graças ao Espírito, ou se pode obter por conta própria, logo, qualquer pessoa de perseverança poderia também curar os enfermos, falar em línguas estrangeiras, profetizar… Dessa forma, creio que o Dom ao qual Paulo se refere em 1 Co 7:7 é o Apostólico ou o missionário, já mencionados no texto.

 

Outro trecho utilizado para se crer que o celibato é um Dom é Mateus 12:19, mas note o que Jesus diz, com os comentários entre colchetes: Porque há eunucos de nascença [pode estar se referindo às disfunções hormonais ou ao perfil psicológico, como os monges budistas]; há outros a quem os homens fizeram tais [castrados em geral]; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus [os que se castraram, tipo Orígenes, ou mesmo os que acham melhor dedicar a maior parte de seu tempo à obra evangelística]. No trecho, Jesus não diz que o Espírito Santo está concedendo esse Dom.

 

2. Rá, mas Jesus era celibatário!

 

Era, mas por outro motivo: Jesus não poderia se unir em uma só carne com uma pecadora, pois se fizesse isso não poderia se oferecer em sacrifício pelos nossos pecados como Cordeiro Imaculado de Deus.

 

3. Mas Jesus disse que a gente tinha de abandonar nossas famílias e segui-lo!

 

http://www.tektonics.org/gk/jesussayshate.html

4. Talvez Paulo ainda fosse casado no tempo de seu ministério.

 

Pois é. Eusébio (livro 3 capítulo 30) menciona algo interessante:

 

1. Clement, indeed, whose words we have just quoted, after the above-mentioned facts gives a statement, on account of those who rejected marriage, of the apostles that had wives. Or will they, says he, reject even the apostles? For Peter and Philip begot children; and Philip also gave his daughters in marriage. And Paul does not hesitate, in one of his epistles, to greet his wife, whom he did not take about with him, that he might not be inconvenienced in his ministry. Em seguida ele menciona sobre o martírio da esposa de Pedro (http://www.newadvent.org/fathers/250103.htm).

 

Alguns acham que essa mulher é mencionada em Filipenses 4:3, seria a quem Paulo se refere como “companheiro fiel”. Algo a se pensar.


[ii] Laughery, GJ. Paul: AntiMarriage? Anti-Sex? Ascetic? Disponível em: http://www.greglaughery.com/docs/paularticle.pdf.

[iii] Efésios 4:11 nos diz que esse é um dos dons.

[iv] Até a enciclopédia católica aceita que Pedro era casado e tinha filhos: http://www.newadvent.org/cathen/11744a.htm.

[v] Wagner, CP. Se não tiver amor… Luz e Vida. 1982. p. 18.

[vi] O @ é usado para se referir ao o(a), os(as).

[ix] Keener, CS. 1-2 Corinthians: The new Cambridge Bible Commentary. Cambridge. 2005. p. 58.

[x] Keener, CS. 1-2 Corinthians: The new Cambridge Bible Commentary. Cambridge. 2005.

[xi] Horsley, RA. 1 Corinthians: Abingdon New Testament commentaries. Abingdon. 1998.

[xii] Keener (2005). p. 63.

[xiii] Ellens, JH. Sex in the Bible: a new consideration. Praeger. 2006. pp: 8-9.

[xiv] Fitzmyer, JA. First Corinthians. Yale University Press. 2008. p. 281.

[xv] Citações indiretas retirada de: Gillard, D. Deconstructing the Bible: a consideration of the interpretive possibilities inherent in deconstructionist readings of the biblical text such as those offered by feminist hermeneutics. 1991. Disponível em: http://www.educationengland.org.uk/articles/12deconstruct.html.

[xvi] Horsley (1998). p. 109.

[xvii] Blue, BB. The house church at Corinth and the Lord’s Supper: Famine, food supply, and the present distress. Criswell Theological Review. v5(2). (1991). pp:221-239. Disponível em: http://faculty.gordon.edu/hu/bi/Ted_Hildebrandt/NTeSources/NTArticles/CTR-NT/Blue-HouseChCorinth-CTR.htm

[xviii] De acordo com as informações fornecidas pelas Bíblias de estudo NTLH e NVI.

[xix] Como o objetivo aqui é outro e uma discussão sobre preterismo irá exigir muitas páginas, sugiro a leitura do resumo disponível aqui: http://www.tektonics.org/esch/pretsum.html.

[xx] Witherington, B. Jesus Paul and the end of the world. IVP Academic. 1992. p. 24.

[xxi] Ibidem. p 25.

[xxii] Horsley (1998). p. 106.

[xxiii] Keener (2005). p.68.

ICAR – JESUS TINHA IRMÃOS? MARIA PERMANECEU VIRGEM PARA SEMPRE?

outubro 8, 2010 às 1:58 am | Publicado em Blogroll, Uncategorized | Deixe um comentário

ICAR – JESUS TINHA IRMÃOS? MARIA PERMANECEU VIRGEM PARA SEMPRE?

Se Lutero só aceita aquilo que está claramente estabelecido nas Escrituras, por que ele acredita na virgindade perpétua de Maria? Não há nada que a prove nas Escrituras e, na verdade, Helvídio tomou para si a tarefa de provar o contrário dependendo apenas da autoridade Escritural.

Thomas More, canonizado em 1935 pelo papa pio XI. Em: An Answer to Martin LutherThe Essential Thomas More. 1967. p. 112.[i]

Dentre os dogmas da igreja católica apostólica romana (ICAR) que dizem respeito à Maria mãe de Jesus, vários carecem de base nas Escrituras e por vezes chegam até mesmo a contradizê-las seriamente. Um deles é o de que Maria, uma mulher casada (e não uma deusa casada!), permaneceu virgem durante toda a sua vida.

Afirma-se no catecismo nº 501 que “Maria tem um único filho”, ou seja, Jesus. Logo, de acordo com os dogmas da ICAR, não se pode admitir que ela tenha mantido relações sexuais com José, seu marido, e gerado outros filhos. Ainda se afirma no cânon 2 do segundo concílio de Constantinopla:  Se alguém não confessa que há duas concepções do Verbo de Deus, uma antes dos tempos, do Pai, intemporal e incorporal, e a outra nos últimos dias, concepção da mesma pessoa, que desceu do céu e foi feito carne por obra do Espírito Santo e da gloriosa Genitora de Deus e sempre virgem Maria, e que dela nasceu, seja anátema[ii].

Também é importante conhecer a opinião da ICAR sobre as relações sexuais, mesmo quando se dão no casamento, como se pode ver na sessão 24, cânon 10 do concílio de Trento: Se alguém disser que o estado matrimonial deve ser colocado acima do estado da virgindade ou do celibato, e que não é melhor e mais abençoado permanecer em virgindade ou em celibato do que se unir em matrimônio, que seja anátema[iii].

Normalmente o texto Bíblico utilizado para se justificar isso está em 1 Coríntios 7:25-40. Porém note que logo no início (v. 25) do trecho Paulo deixa claro que está dando sua opinião e não um mandamento do Senhor, ademais, trata-se de uma mensagem específica para uma comunidade com diversos problemas (v. 26 e 28), não necessariamente um dogma a ser seguido por todos os Cristãos e em todos os contextos. Se por um lado um solteiro está livre para se dedicar exclusivamente à obra de Deus, um casado tem a oportunidade de servir ao Senhor dentro do casamento, constituindo uma família Cristã, dando bom testemunho e aplicando os princípios Divinos na resolução de conflitos, educação dos filhos, finanças, vida profissional e etc. Assim, é impróprio criar dogmas nos quais se elevam os clérigos da ICAR em detrimento das outras pessoas. Especialmente se levarmos em conta que Deus diz: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gênesis 2:18). Vemos então que a Bíblia não se contradiz, mas sim que magistério de Roma errou ao interpretá-la com o intuito de justificar seus dogmas.

Tendo isso em mente, os objetivos deste artigo são mostrar que, de acordo com a Bíblia, a melhor interpretação é a de que Maria teve filhos com José, logo, não permaneceu virgem para sempre, ou seja, mais um caso no qual as doutrinas e os dogmas de Roma entram em contradição direta com as Escrituras. Vejamos então:

O SEXO NO CASAMENTO

A leitura da Bíblia nos permite inferir que as relações sexuais são parte essencial do casamento (Gênesis 1:28, Provérbios 5:18-19, 1 Coríntios 7:3-9, Hebreus 13:4 e o Cântico dos Cânticos de Salomão). No contexto do Novo Testamento era um dever cumprir o mandamento de crescer e multiplicar, especialmente para um casal aparentemente sem problemas de saúde e ambos religiosos devotos como pareciam ser José e Maria, que até mesmo recebiam mensagens enviadas por anjos (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004). Se Maria foi agraciada por Deus, qual é o problema em ter sido agraciada também em termos de uma vida sexual saudável com seu marido e ter tido outros filhos? Nenhum, a não ser que se imagine Maria como uma deusa na qual José nem mesmo ousaria tocar. Isso não seria idolatria? Pense nisso.

Note inclusive que mesmo antes de o anjo aparecer à Maria e lhe revelar que conceberia um filho sem ter relações sexuais, ela já estava prometida em casamento a José. Isso seria muito estranho caso, como afirmam os romanistas, Maria tivesse desde muito cedo se consagrado a uma vida celibatária. Então a conclusão mais óbvia é que esse casamento seguiria seu curso normal, envolvendo relações sexuais e a geração de filhos, a não ser que se importe supostas revelações e outras crenças externas à Bíblia.

JESUS TINHA IRMÃOS?

O estudo da Bíblia nos permite afirmar que esse provavelmente é o caso:

  • Mateus 13:55-57 – 55 Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56 Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?” 57 E ficavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes disse: “Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra”.
  • Mateus 12:46-47 – 46 Falava ainda Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram do lado de fora, querendo falar com ele. 47 Alguém lhe disse: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”.
  • João 7:2-5 – 2 Mas, ao se aproximar a festa judaica dos tabernáculos, 3 os irmãos de Jesus lhe disseram: “Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para que os seus discípulos possam ver as obras que você faz. 4 Ninguém que deseja ser reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo estas coisas, mostre-se ao mundo”. 5 Pois nem os seus irmãos criam nele.
  • 1 Coríntios 9:5 – Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?[iv]
  • Gálatas 1:19 – Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor.

A leitura mais natural do texto em Mateus 13:55-57 é a de um contexto familiar, visto que se menciona o “pai” (José, o carpinteiro), a mãe, os irmãos e as irmãs (GEISLER & MacKENZIE, 1995). Note inclusive que o próprio Jesus afirma que um profeta não tem honra em sua própria casa, ou seja, o contexto indica que se trata de uma família onde só se menciona parentes de 1º e 2º graus (pais e irmãos).

Apesar disso, os romanistas, baseados em Jerônimo, Cristão antigo, afirmam que esse não é o caso, pois em Hebraico e Aramaico, essa, a língua falada por Jesus, não havia um termo distinto para irmãos, primos e parentes próximos. Assim, afirmam que, apesar de ter-se utilizado a palavra irmão nesses casos, trata-se na verdade de primos ou outros tipos de parentes de Jesus. Uma pergunta pertinente seria: há nos textos acima referências sobre tios, primos, avós ou quaisquer outros parentes?

Ademais, o Novo Testamento não foi escrito em Hebraico ou Aramaico, mas sim em Grego, e ainda, sob a inspiração do Espírito Santo de Deus. Lemos irmãos em nossas Bíblias porque ao contrário do Aramaico, a língua Grega possui palavras bem definidas para se referir e diferenciar irmãos, primos e outros parentes próximos.

Assim, a palavra em grego utilizada para se referir aos irmãos de Jesus nos trechos Bíblicos citados acima é adelphos que normalmente quer dizer irmão mesmo (GEISLER & MacKENZIE, 1996). Caso os autores quisessem nos dizer que Jesus tinha primos, poderiam ter utilizado o termo anepsios (Colossenses 4:10). Se quisessem apenas se referir a eles como parentes próximos, poderiam ter utilizado o termo suggenes (Lucas 1:36). Aparentemente, adelphos não é utilizada no NT para se referir a primos ou parentes e os termos irmão e irmã aparecem várias vezes, sempre indicando irmãos e irmãs consangüíneos (Marcos 1:16, 1:19, 13:12, João 11:1-2, Atos 23:16 e Romanos 16:15) (GEISLER & MacKENZIE, 1996).

Ainda mais interessante é que Hegésipo, escritor Cristão do século II (cuja obra, foi, em parte, preservada por Eusébio, bispo de Cesaréia e historiador do século IV), distingue claramente os termos para se referir aos primos (anepsioi) de Jesus e seus irmãos, no caso, Tiago e Judas (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004. De acordo com o autor: Hist.Eccl. 4.22.4, 2.23.4 e 3.20.1).

Pode-se ainda argumentar que o termo irmãos não necessariamente indica apenas os irmãos consangüíneos, mas também irmãos na fé ou compatriotas. Isso realmente é verdade, porém, não é problema, tendo em vista que o contexto nos permite diferenciar qual é o significado (Mateus 12:48-50). Um bom exemplo é o da relação entre Abraão e Ló, esse era sobrinho daquele (Gênesis 12:5), porém, também são chamados irmãos (Gênesis 13:8). Outra interpretação, preferida pelos ortodoxos e historiadores seculares é a de que José era um viúvo bem mais velho que Maria e os filhos mencionados seriam de seu primeiro casamento. Essa segunda visão, defendida por Epifânio, outro Cristão antigo, será discutida posteriormente.

De qualquer forma, os romanistas ainda alegam que esses casos citados seriam exceções, afirmam que um dos 12, Tiago “Menor”, filho de Alfeu, seria a mesma pessoa chamada de Tiago “Irmão do Senhor”, que a Maria esposa de Clopas, mãe de outros Tiago e José, mencionada em Mateus 27:56, Marcos 15:40 e João 19:25 é a Maria mãe dos irmãos/primos de Jesus em  Mateus 13:55, e, por último, que se Jesus tivesse irmãos, nunca teria entregado sua mãe aos cuidados de João (João 19:26-27), pois assim estaria desrespeitando a Lei de Moisés, que o obrigaria a deixá-la com seus irmãos.

Novamente, as explicações são simples e mostram que os argumentos romanistas são fabricações motivadas pela necessidade de se defender um dogma que não encontra base nas Escrituras.

Em primeiro lugar, nomes como José, Tiago, Maria e outros eram muito comuns naquele contexto e uma forma de se diferenciar as pessoas eram os qualitativos, por exemplo, fulano filho de A para diferenciar de fulano filho de B; apelidos, como o de Simão “Pedro”, Tiagos “Maior” e “Menor” e também indicativos do local de origem, tipo Jesus de Nazaré (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004). Logo, podemos distinguir alguns Tiagos[v] e Marias no NT:

Casal Filhos Passagens
Marido Esposa
1 José Maria Jesus Tiago Irmão do Senhor José Simão Judas Mt 13:55-57
2 Zebedeu Salomé João Tiago Maior Mt 20:20; Mc 15:40; Mc 16:1;
3 Alfeu Maria Tiago Menor Jo 19:25
4 Clopas* Maria José Tiago Simão** Jo 19:26-27; Lc 24:18

*De acordo com Hegésipo, Clopas (ou Cléopas) era primo de José “pai” de Jesus.

**De acordo com Hegésipo, esse casal também tinha esse filho chamado Simão que foi o segundo bispo de Jerusalém. Nascido posteriormente? Ver também a tabela disponível em:

http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/religion/jesus/tree.html (Acesso: 24/09/2010).

 

O Tiago irmão de Jesus não poderia ter sido Tiago Menor, filho de Alfeu e nem Tiago Maior, filho de Zebedeu, pois de acordo com a Bíblia:

  • João 7:2-5 – 2 Mas, ao se aproximar a festa judaica dos tabernáculos, 3 os irmãos de Jesus lhe disseram: “Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para que os seus discípulos possam ver as obras que você faz. 4 Ninguém que deseja ser reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo estas coisas, mostre-se ao mundo”. 5 Pois nem os seus irmãos criam nele.
  • 1 Coríntios 15:5-8 – 5 e [Jesus] apareceu a Pedro e depois aos Doze. 6 Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. 7 Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; 8 depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.

Logo, de acordo com o trecho em João, como Tiago Menor e Tiago Maior poderiam fazer parte do grupo dos 12 discípulos mais próximos de Jesus, se não criam nele? Não há qualquer indicação na Bíblia de que eles fossem como Judas Iscariotes, então, nenhum desses dois Tiagos era o Irmão do Senhor. E de acordo com o trecho em 1 Coríntios, pra que Paulo mencionaria que Jesus apareceu aos 12, dos quais faziam parte os dois Tiagos apóstolos (v. 5), e depois, no v. 7, menciona um Tiago em destaque e depois os apóstolos restantes? Isso indica que possivelmente esse Tiago mencionado não era um apóstolo e ele nem mesmo é qualificado como Tiago Maior, Menor ou qualquer coisa. Inclusive, afirma-se que Tiago (irmão) pode ter se tornado um crente graças a essa aparição (BAUCKHAM, 2001).

Outro argumento seria o de que, até onde se sabe, Tiago Menor, filho de Alfeu não teve qualquer proeminência na Igreja primitiva, inclusive sem ter deixado nada escrito, ao contrário do Tiago Irmão de Jesus (MacARTHUR, 2004). Já Tiago Maior, filho de Zebedeu, morreu martirizado (Atos 12:1-3) antes do martírio de Tiago Irmão de Jesus (ca. 62 DC) (BAUCKHAM, 1999).

Falta descartar outro Tiago. Para isso é preciso demonstrar que a Maria mulher de Clopas e Maria mulher de Alfeu não eram a mesma pessoa. Ou em outras palavras, que Alfeu e Clopas não eram a mesma pessoa. Vários, se não a maioria dos argumentos romanistas em favor da virgindade perpétua de Maria assumem que Alfeu e Clopas eram um mesmo indivíduo. Porém, Lucas menciona tanto Clopas (Lucas 24:18) quanto Alfeu (Lucas 6:15 e Atos 1:13). Então qual seria a justificativa para um mesmo autor (inspirado pelo Espírito Santo de Deus!) usar dois nomes gregos distintos pra se referir à mesma pessoa (BAUCKHAM, 2004)?

A própria enciclopédia católica nos fornece informações para crermos que não são a mesma pessoa:

Entretanto, etimologicamente, a identificação dos dois nomes [Alfeu e Clopas] oferece sérias dificuldades: (1) Embora a letra Heth ocasionalmente seja usada em Grego como Kappa nos finais e meios das palavras, muito raramente é usada nos começos, onde a pronúncia aspirada da letra h é melhor protegida; porém, alguns exemplos disso são dados por Levy (Sem. Fremdwörter in Griech.); mas (2) mesmo se essa dificuldade fosse resolvida, Clopas pressupõe o aramaico Halophai, e não Halpai. (3) as versões Siríacas substituem o Grego Clopas com um Qoph e não com um Heth, como fariam naturalmente caso tivessem consciência da identidade de Clopas e Halpai; para Alfeu se utiliza Heth (e Aleph, ocasionalmente). […] a questão da identidade de Alfeu e Clopas ainda está em aberto. (http://www.newadvent.org/cathen/04048b.htm – Acesso em 12 de Abril de 2011).

Mas há graves dificuldades em se identificar Alfeu e Cleopas dessa forma. Em primeiro lugar, São Lucas, que menciona Cleopas (24:18), também menciona Alfeu (6:15 e Atos 1:13). Podemos nos questionar se ele seria culpado de um uso tão confuso dos nomes, se eles se referissem à mesma pessoa. Novamente, enquanto Alphas é o equivalente do Aramaico, não é fácil ver como a forma Grega se tornou Cleopas, ou mais corretamente, Clopas. (http://www.newadvent.org/cathen/09748b.htm – Acesso em 12 de Abril de 2011).

Porém isso nos leva a pensar, caso analisemos os textos, que havia duas irmãs com o nome de Maria. Isso não seria impossível, mas, uma explicação melhor é a de que essas Marias não eram irmãs, mas sim cunhadas (em inglês é mais fácil entender o sentido: sisters-in-law), sendo que os irmãos na verdade seriam José “pai” de Jesus e Clopas (BAUCKHAM, 2004; WITHERINGTON III & SHANKS, 2004).

Por último, sobre Jesus ter errado ao deixar Maria aos cuidados de João e não de outro irmão, como alegam os romanistas, é só ler o que Jesus diz em Mateus 12:49-50, sobre quem são seus irmãos e afins: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe“. Levando em consideração o fato de que os irmãos de Jesus ainda não criam nele, Jesus não cometeu erro algum ao deixar Maria sob os cuidados de João. Pode-se ainda especular que talvez ele tenha feito isso com o objetivo de abençoar João, o “filho do trovão” (Boanerges). É possível que tomando conta de Maria ele viesse a se tornar menos filho do trovão e mais filho de Deus (veja porque, por exemplo, em Marcos 9:38 e Marcos 10:35-37).

Foram tratadas as principais alegações dos romanistas. Vejamos a seguir os argumentos dos ortodoxos:

JOSÉ, O CARPINTEIRO CASCA-GROSSA

Em resumo, a hipótese preferida pelos ortodoxos é a visão de Epifânio: José era um viúvo e todos os seus filhos (Tiago, José, Simão, Judas, Salomé e Maria) seriam de seu primeiro casamento. Acredita-se que teve seu primeiro filho aos 40 anos e já tinha pelo menos 80 anos quando se casou com Maria (BAUCKHAM, 2004).

Um primeiro ponto que se deve destacar o seguinte: essa visão surgiu no século II, aparecendo não nos textos canônicos, mas sim nos apócrifos: no proto-evangelho de Tiago, no evangelho de Pedro (em uma parte perdida) e no evangelho de Tomé (BAUCKHAM, 2004; WITHERINGTON III & SHANKS, 2004). Ademais, essas obras parecem ter origem Síria, onde se enfatizavam práticas ascéticas que divergiam daquelas das visões dos Judeus e Cristãos da Jerusalém do século I (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004). Também se afirma que o proto-evangelho de Tiago tem um interesse claro em glorificar Maria como uma virgem consagrada (BAUCKHAM, 2004). Mas como já vimos, uma virgem consagrada não poderia ter sido prometida em casamento a José.

Outro ponto interessante é o de que, aparentemente, essa é a visão preferida para alguns estudiosos que parecem botar os textos apócrifos em pé de igualdade com os canônicos, porém, mesmo assim, esses especialistas afirmam que Simão e Judas eram filhos de Maria e José[vi]. Logo, nem assim Maria poderia ter permanecido virgem para sempre.

De qualquer forma, analisando os textos canônicos, supor que José fez nada mais que assumir o papel de protetor de Maria não faz muito sentido. Primeiro porque esses supostos filhos e filhas de José, mais velhos que Jesus, não são mencionados em nenhum momento nas porções iniciais dos Evangelhos, referentes ao nascimento e infância de Jesus. Especialmente no caso da ida à Jerusalém (Lucas 2:41-52), como eram todos mais velhos que Jesus e faziam parte de uma família devota, definitivamente teriam ido para participar do festival (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004). Em segundo, José teria de estar trabalhando como carpinteiro na velhice, para ensinar Jesus e ainda sustentar a família, assim, com mais de 80 anos de idade, naquele contexto, você consegue imaginar um senhor de idade serrando madeira ou conduzindo uma mulher grávida para o Egito?

Se essa visão estiver certa, somos obrigados a crer que, além de José, Tiago (irmão) também seria um velhinho casca-grossa. Se ele nasceu quando José tinha 40 anos, quando Jesus Nasceu ele teria por volta de 60, e, quando foi martirizado em 62 DC, já teria passado dos 100 (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004).

Talvez em parte a aceitação dessa visão se deva ao fato de que José não aparece nos relatos em que Jesus havia iniciado seu ministério e também porque Maria foi deixada aos cuidados de João. Realmente, é mesmo muito provável que no tempo em que Jesus tivesse iniciado seu ministério José estivesse morto, porém, nada impede que ele tenha casado com Maria na idade normal de aproximadamente 16 anos (WITHERINGTON III & SHANKS, 2004) e morrido de outras causas. Afirmar que ele era velho é um argumento a partir do silêncio, motivado pelo anseio em justificar o dogma.

Tendo visto essas três posições, podemos afirmar que tanto as visões de Jerônimo quanto as de Epifânio são problemáticas e a melhor explicação para o parentesco entre Jesus e seus irmãos é o que a leitura mais natural indica: que José e Maria tiveram outros filhos, logo, ela não permaneceu virgem para sempre.

Infelizmente, a ICAR anatematiza quem discorda. Mas se esse é o seu caso, não seria melhor adotar o Cristianismo Bíblico?

REFERÊNCIAS

BAUCKHAM, R. The Relatives of Jesus. Themelios. V.21(2). January 1996. pp:18-21. Disponível em: http://www.biblicalstudies.org.uk/article_relatives_bauckham.html (acesso: 28/09/2010).

BAUCKHAM, R. James. Routledge. 1999.

BAUCKHAM, R. Em: CHILTON, B. & NEUSNER, J. The Brother of Jesus – James the Just and his Mission. Westminster John Knox Press. 2001.

BAUCKHAM, R. Jude and the Relatives of Jesus in the Early Church. T & T Clark International. 2004.

GEISLER, NL. & MaCKENZIE, R. Roman Catholics and Evangelicals – Agreements and Differences. Baker Books. 1995.

MacARTHUR, J. Doze Homens Comuns. Editora Cultura Cristã. 2004.

WITHERINGTON III, B. & SHANKS, H. The Brother of Jesus – The Dramatic Story & Meaning of the First Archaeological Link to Jesus & His Family. HarperCollins. 2004.


[iv] Inclusive, esse trecho parece indicar que os irmãos de Jesus eram missionários viajantes (BAUCKHAM 1996).

[v] É interessante notar que, de acordo com WITHERINGTON III & SHANKS, 2004, todas as pessoas que aparecem chamadas de Tiago (ou James em língua inglesa), na verdade se chamavam Ya’akov, Jacó.

[vi] Essa sugestão pode ser vista, por exemplo, no documentário The Real Family of Jesus. Disponível em várias partes no Youtube.

A ERÍSTICA DOS ATEUS: REDEFINIÇÃO DE CIÊNCIA

agosto 17, 2010 às 12:18 am | Publicado em Blogroll, Uncategorized | Deixe um comentário

Explica muito bem como os ateus militantes redefiniram ciência de forma subserviente. Essencial pra quem quer entender a natureza da disputa entre “ciência” e religião.

*Erística: http://pt.wikipedia.org/wiki/Erística

DEUS É BOM?

junho 25, 2010 às 9:48 pm | Publicado em Blogroll, Uncategorized | Deixe um comentário

Vídeo bem legal sobre lógica, onipotência de Deus, o mal e o livre arbítrio. Bem bacana.

Desenvolvido por esse usuário: http://www.youtube.com/user/Zangomatic

Botei legenda sem permissão, tomara que ele não fique bravo :p

Funcionamento da ATP sintase

junho 22, 2010 às 8:19 pm | Publicado em Blogroll, Uncategorized | Deixe um comentário

Animação sobre o funcionamento da ATP sintase.

PS: não entendi o que ele quis dizer com “esses motores já existiam antes da primeira célula”. Ou o narrador leu o roteiro errado, ou então talvez queira dizer que as instruções de montagem das máquinas já deveriam existir…

O artigo fonte parece ser esse: http://creation.com/fantastic-voyage

Mas enfim, a representação do funcionamento ficou muito boa.

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